domingo, 4 de dezembro de 2016

Artigo: Bossa Nova

A Bossa Nova surgiu na década de 50, foi um importante gênero musical que teve como berço o Rio de Janeiro, cidade que se concentrava os artistas e estudantes. Nesse período o país vivia em exaltação do crescimento econômico gerado após o fim da Segunda Guerra Mundial.
Com o intuito de fugir do padrão da época, foi feito a reformulação estética dentro do samba, derivando de uma mistura de samba e jazz, surge então a Bossa Nova. A presença do estilo musical foi marcado com o lançamento do LP "Chega de saudade" de João Gilberto em 1959, porém a Bossa já tinha iniciada oficialmente em 1958. Grande parte das músicas do disco tinha como parceria Tom Jobim e Vinicius de Moraes, grandes nomes para a historia do gênero.
A dupla compôs também "Garota de Ipanema", que é sem dúvida, uma das mais importantes canções da historia da música brasileira.
Em 1960 o estilo já fazia enorme sucesso no Brasil, chegou aos Estados Unidos, onde também obteve demasiado destaque.
A Bossa Nova foi responsável por reunir uma grande quantidade de artista que contribuíram de maneira esplendorosa  para a música brasileira, sendo eles Vinicius de Moraes,  João Gilberto, Tom Jobim, Nara Leão, Toquinho, Edu Lobo, Carlos Lyra, João Donato, entre outros.
Ainda em 1960, o estilo começa a se afastar das influencias do Jazz e passa a se reaproximar mais do Samba e do Baião.
Em 1964, por conta da mudança política causada pelo Golpe Militar, as canções começaram a abordar temas sociais, fazendo da música um instrumento de contestação política e virando um símbolo de resistência  à repressão imposta pela ditadura.
Nessa fase também se deu início a MPB, movimento que se derivou da Bossa Nova. Aos poucos a Bossa teve um fim, porém não foi extinta, uma vez que a mesma serviu e serve de referência para inúmeras gerações de artistas. 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

Análise: Chão de Giz - Zé Ramalho


Resultado de imagem para ze ramalho

Chão de Giz é uma música brasileira lançada em 1978 que, mesmo possuindo uma linguagem de difícil compreensão e cheia de metáforas, ainda desperta o fascínio e a curiosidade de muitos jovens.

É possível acreditar que a canção discorre sobre um amor não correspondido e o fim deste relacionamento. 

A explicação dada pelo compositor (Zé Ramalho), traz uma análise pessoal e intimista sobre os fatos:

Ainda jovem morando na cidade de João Pessoal – PB relacionou-se com uma mulher mais velha, casada e que cumpria o seu papel feminino como parte da alta sociedade paraibana (seguindo e estando a disposição do marido). Se conheceram durante o carnaval e surgiu entre os mesmos uma paixão avassaladora. Infelizmente, esta mulher nunca poderia abandonar um casamento valioso e aceito socialmente para se envolver com um jovem que não possuía nada (bens e riquezas). Ela tinha-o apenas para o seu deleite e bel prazer. Assim, apesar do apego e sentimentos de Zé, o caso foi terminado. Este ficou triste por muito tempo e descreveu esse período em trechos de sua canção.

Interpretação da música:
“Eu desço desta solidão e espalho coisas sobre um chão de giz”
Esse trecho fundamenta o sofrimento vivenciado ao ver as lembranças que, postam ao chão traçavam sua história e que, tão rapidamente, iriam se esvair. O relacionamento foi tão fugaz quanto o giz pode ser apagado do chão. 
 “Há meros devaneios tolos, a me torturar”
Devaneios e lembranças de um amor frustrado, passageiro e unilateral que o causam uma dor profunda. A recordação do passado é cruel e torturante.
Fotografias recortadas de jornais de folhas amiúdes”
Um indicio de que a mulher citada era parte da alta sociedade é o hábito de colecionar as fotos da sua amada que saía nas colunas sociais – fato este, por admiração à sua beleza ou para sentir-se como conhecedor dos seus gostos e prazeres.
“Eu vou te jogar num pano de guardar confetes”
Pano de guardar confetes são sacos típicos das costureiras do Nordeste, nos quais guardam retalhos de pano ou papel.  Neste caso, o compositor refere que vai guardar estas lembranças para esquecê-la e se ausentar da dor.
“Disparo balas de canhão, é inútil, pois existe um grão-vizir”
Grão-vizir era um ministro e conselheiro do rei na antiga Pérsia, figura de grande renome e importância social. Com essa frase, o autor indica que possui a vontade de lutar por ela, mas que vê inútil, pois, em sua vida, existe alguém influente, rico e poderoso, com quem ele não pode pleitear.
“Há tantas violetas velhas sem um colibri”
Ele traduz a relação dos dois em uma metáfora. Há tantas violetas velhas (como ela, mais velha e madura) sem um colibri (como ele, juvenil, vivaz). Desta forma, ele diz que existem muitas pessoas mais velhas que não têm alguém mais jovem a lhe admirar. 
“Queria usar, quem sabe, uma camisa de força ou de vênus”
Este verso mostra a dualidade do sentimento de Zé Ramalho, onde ele traz a loucura e a paixão; a vontade de estar longe e esquecê-la e a vontade de estar perto e se entregar. 
“Mas não vou gozar de nós apenas um cigarro. Nem vou lhe beijar, gastando assim o meu batom”
Ele indica nestas frases o breve e passageiro momento de prazer que tiveram – onde profundo e sensível amor que sente é correspondido por um momento de tesão, onde o gozo dura apenas o tempo de se fumar um cigarro. Para quê então o carinho, se ela quer apenas sexo?
“Agora pego um caminhão, na lona vou a nocaute outra vez…”
Representa a tomada de decisão sobre ir embora e abrir mão deste sentimento. Entretanto, ao escolher partir, vai novamente à lona – expressão que significa ir a nocaute no boxe, mas também significa a lona do caminhão, a partida e a despedida.
“Pra sempre fui acorrentado no seu calcanhar. Meus vinte anos de ‘boy’ – that’s over, baby! Freud explica”
Retrata a dependência e a prisão ao qual este sentimento se tornou, impedindo-o de ser melhor, de seguir. Ele se viu como um “menino”, incapaz de se portar e ser firme nas escolhas. “Terminou, querida”, simboliza que o laço que os unia foi cortado.
“Quanto ao pano dos confetes, já passou meu carnaval. E isso explica porque o sexo é assunto popular”

Reconhece que poderia ser como uma fantasia (para ambas as partes), mas que ele estava disposto a superar, deixar no passado e fazer com que não tivesse importância ou significado.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Análise: Conversa de botas batidas - Los Hermanos





- Veja você onde é que o barco foi desaguar
- A gente só queria um amor
- Deus parece às vezes se esquecer
- Ai, não fala isso por favor
Esse é só o começo do fim da nossa vida
Deixa chegar o sonho
Prepara uma avenida
Que a gente vai passar

- Veja você, quando é que tudo foi desabar
- A gente corre pra se esconder
E se amar se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar

Deixa o moço bater 
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar

Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu
Abre as cortinas pra mim
Que eu não me escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
E agora está de bem

Diz quem é maior
Que o amor
Me abraça forte agora
Que é chegada a nossa hora
Vem vamos além
Vão dizer
Que a vida é passageira
Sem notar que a nossa estrela
Vai cair




A composição foi criada a partir de uma reportagem em um jornal local da cidade do Rio de Janeiro que contava sobre um desmoronamento de um hotel onde, entre os escombros, foi encontrado um casal: dois velhinhos, abraçados e mortos. Marcelo Camelo traz devaneios românticos sobre uma paixão arrebatadora entre dois jovens que por motivos não citados são proibidos de viver um amor tão compreensível e gracioso, então, ao se reencontrarem decidem não abrir mão do outro e de si mesmos, pois a infelicidade não poderia mais se fazer presente. Esse amor de tantas rugas teria por fim o seu lugar. Encontravam-se escondidos e sentindo esse amor que se fez presente pouco antes de suas mortes e o retrato doloroso no fragmento da música: E se amar se amar até o fim, sem saber que o fim já vai chegar. Propõe a reflexão sobre o quanto se perde somente na espera, no medo, nas não tentativas de mudança; os jovens perderam a capacidade de arriscar por amor; o medo está intrínseco aos relacionamentos e não se percebe que somente após tentar é que se ganha ou se perde. No momento do desabamento, alguém bateu à porta avisando sobre os riscos e a necessidade de sair do local. Há, no entanto, duas possibilidades de interpretação: eles temiam terem sido descobertos e optaram por não sair ou apenas decidiram morrer juntos pois o amor os desvendou por completo e lhes deu a chance de sentir a plenitude em outro plano. A vida é passageira, afirma. Por vezes esquecemos deste simples detalhe: a vida é como um sopro, uma história rapidamente contada. Cabe então a nós fazermos desta vida um deslumbrante espetáculo. Buscar a felicidade a todo custo e lutar por ela. Não deixar que nos roubem, que nos firam, que afastem de nós o amor. É chegada a nossa hora e o que resta? As pessoas que amamos.

Análise: Flor de Lis – Djavan




Uma música com linguagem simples, que conta a história da dor de um homem e do poder de uma mulher, abordando um tema bem comum no cotidiano: relacionamentos.

Valei-me Deus, é o fim do nosso amor
Perdoa por favor, eu sei que o erro aconteceu
Mas não sei o que fez tudo mudar de vez
Onde foi que eu errei
Eu só sei que amei, que amei, que amei, que amei

O eu-lírico da canção mostra a tristeza pelo fim de um relacionamento, a guerra contra si mesmo por não conseguir identificar o erro que cometeu e por perceber as duras consequências, implorando por perdão. Indica a dúvida sobre como se pode perder tão bruscamente alguém que se ama e não se encontrar meios de reconquistá-la.

Será, talvez, que minha ilusão
Foi dar meu coração com toda força
Prá essa moça me fazer feliz
E o destino não quis
Me ver como raiz de uma flor de liz

Neste momento passa então a buscar justificativas para a situação a qual vive e a dor que sente ao perder este amor. Questiona-se sobre a entrega profunda ao outro sem medo, dúvidas e apenas por este sentimento que ocasionou as decepções ao final. Tenta encontrar o erro na forma como se permitiu amar sem saber se daria certo, se a faria feliz ou se a outra pessoa estaria disposta a fazê-lo feliz. Compara a amada à flor de lis com as características de alguém raro, poderoso, fiel, leal, honroso e amável, que o destino insistiu em afastar de si.

E foi assim que eu vi nosso amor na poeira, poeira
Morto na beleza fria de Maria
E o meu jardim da vida ressecou ou morreu
Do pé que brotou Maria
Nem margarida nasceu


A beleza de Maria então transforma-se de bela flor a frio aço. Insensível e desprezível. O jardim refere-se ao cuidado e a atenção que não pôde ser vivenciado no futuro pois acabou em pedaços com a desilusão do amor de Maria, onde após ela, nunca foi capaz de amar ninguém.

domingo, 27 de setembro de 2015

Artigo: Rap

RAP - uma abreviação para rhythm and poetry(ritmo e poesia). Este estilo é assim denominado porque mescla um ritmo intenso com rimas poéticas, integrando o cenário cultural conhecido como Hip Hop. Nascido na Jamaica na década de 60, ele se transformou em produto comercializável entre os norte-americanos no começo da década de 1970. As longas letras são quase recitadas e tratam em geral de questões cotidianas da comunidade negra, servindo-se muitas vezes das gírias correntes nos guetos das grandes cidades. Chegou ao Brasil na década de 80, mas somente na década seguinte ganhou espaço na indústria fonográfica. 
Posteriormente os bailes passaram a ter como cenários amplos locais até então usados como depósitos. Estas festas, mais aprimoradas, contavam não só com a presença de um DJ, mas também com a intervenção de um MC ou Mestre de Cerimônias, o qual incitava as pessoas com palavras de ordem rimadas, traduzindo geralmente questões de ordem sócio-política, especialmente temas controvertidos.
O rap tem uma batida rápida e acelerada e a letra vem em forma de discurso, muita informação e pouca melodia. Geralmente as letras falam das dificuldades da vida dos habitantes de bairros pobres das grandes cidades. As gírias das gangues destes bairros são muito comuns nas letras de música rap. O cenário rap é acrescido de danças com movimentos rápidos e malabarismos corporais. O break, por exemplo, é um tipo de dança relacionada ao rap. O cenário urbano do rap é formado ainda por um visual repleto de grafites nas paredes das grandes cidades. O primeiro disco de Rap que se tem notícia, foi registrado em vinil e dirigido ao grande mercado (as gravações anteriores eram piratas) por volta de 1978, contendo a célebre "King Tim III" da banda Fatback. 
Na década de 1980, o rap sofreu uma mistura com outros estilos musicais, dando origem à novos gêneros, tais como: o acid jazz, o raggamufin (mistura com o reggae) e o dance rap. Com letras marcadas pela violência das ruas e dos guetos, surge o gangsta rap, representado por Snoop Doggy Dogg, LL Cool J,  Sean Puffy Combs, Cypress Hill, Coolio entre outros.
O rap surgiu no Brasil em 1986, na cidade de São Paulo. Os primeiros shows de rap eram apresentados no Teatro Mambembe pelo DJ Theo Werneck. Na década de 80,  as pessoas não aceitavam o rap, pois consideravam este estilo musical como sendo algo violento e tipicamente de periferia. O Rap, a principio chamado de "tagarela", ascende e os breakers formam grupos de Rap. Em 1988 foi lançado o primeiro registro fonográfico de Rap Nacional, a coletânea "Hip-Hop Cultura de Rua" pela gravadora Eldorado. Desta coletânea participaram Thaide & DJ Hum, MC/DJ Jack, Código 13 e outros grupos iniciantes. 
Na década de 1990, o rap ganha as rádios e a indústria fonográfica começa a dar mais atenção ao estilo. Os primeiros rappers a fazerem sucesso foram Thayde e DJ Hum. Logo a seguir começam a surgir novas caras no rap nacional: Racionais MCs, Pavilhão 9, Detentos do Rap, Câmbio Negro, Xis & Dentinho, Planet Hemp e Gabriel, O Pensador.
 O rap começava então a ser utilizado e misturado por outros gêneros musicais. O movimento mangue beat, por exemplo, presente na música de Chico Science & Nação Zumbi fez muito bem esta mistura.
Nos dias de hoje o rap está incorporado no cenário musical brasileiro. Venceu os preconceitos e saiu da periferia para ganhar o grande público. Dezenas de cds de rap são lançados anualmente, porém o rap não perdeu sua essência de denunciar as injustiças, vividas pela pobre das periferias das grandes cidades.

sábado, 26 de setembro de 2015

Top 5: Ana Carolina

 "homossexualidade, mediunidade e voz, todo mundo tem. Mas, só alguns desenvolvem."


01: Confesso

 
02: Quem de nós dois
 
 
03: Encostar na tua
 
 
04: Garganta
 
 
05: Nua
 
 

sexta-feira, 25 de setembro de 2015