quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Análise: Conversa de botas batidas - Los Hermanos





- Veja você onde é que o barco foi desaguar
- A gente só queria um amor
- Deus parece às vezes se esquecer
- Ai, não fala isso por favor
Esse é só o começo do fim da nossa vida
Deixa chegar o sonho
Prepara uma avenida
Que a gente vai passar

- Veja você, quando é que tudo foi desabar
- A gente corre pra se esconder
E se amar se amar até o fim
Sem saber que o fim já vai chegar

Deixa o moço bater 
Que eu cansei da nossa fuga
Já não vejo motivos
Pra um amor de tantas rugas
Não ter o seu lugar

Abre a janela agora
Deixa que o sol te veja
É só lembrar que o amor é tão maior
Que estamos sós no céu
Abre as cortinas pra mim
Que eu não me escondo de ninguém
O amor já desvendou nosso lugar
E agora está de bem

Diz quem é maior
Que o amor
Me abraça forte agora
Que é chegada a nossa hora
Vem vamos além
Vão dizer
Que a vida é passageira
Sem notar que a nossa estrela
Vai cair




A composição foi criada a partir de uma reportagem em um jornal local da cidade do Rio de Janeiro que contava sobre um desmoronamento de um hotel onde, entre os escombros, foi encontrado um casal: dois velhinhos, abraçados e mortos. Marcelo Camelo traz devaneios românticos sobre uma paixão arrebatadora entre dois jovens que por motivos não citados são proibidos de viver um amor tão compreensível e gracioso, então, ao se reencontrarem decidem não abrir mão do outro e de si mesmos, pois a infelicidade não poderia mais se fazer presente. Esse amor de tantas rugas teria por fim o seu lugar. Encontravam-se escondidos e sentindo esse amor que se fez presente pouco antes de suas mortes e o retrato doloroso no fragmento da música: E se amar se amar até o fim, sem saber que o fim já vai chegar. Propõe a reflexão sobre o quanto se perde somente na espera, no medo, nas não tentativas de mudança; os jovens perderam a capacidade de arriscar por amor; o medo está intrínseco aos relacionamentos e não se percebe que somente após tentar é que se ganha ou se perde. No momento do desabamento, alguém bateu à porta avisando sobre os riscos e a necessidade de sair do local. Há, no entanto, duas possibilidades de interpretação: eles temiam terem sido descobertos e optaram por não sair ou apenas decidiram morrer juntos pois o amor os desvendou por completo e lhes deu a chance de sentir a plenitude em outro plano. A vida é passageira, afirma. Por vezes esquecemos deste simples detalhe: a vida é como um sopro, uma história rapidamente contada. Cabe então a nós fazermos desta vida um deslumbrante espetáculo. Buscar a felicidade a todo custo e lutar por ela. Não deixar que nos roubem, que nos firam, que afastem de nós o amor. É chegada a nossa hora e o que resta? As pessoas que amamos.

Análise: Flor de Lis – Djavan




Uma música com linguagem simples, que conta a história da dor de um homem e do poder de uma mulher, abordando um tema bem comum no cotidiano: relacionamentos.

Valei-me Deus, é o fim do nosso amor
Perdoa por favor, eu sei que o erro aconteceu
Mas não sei o que fez tudo mudar de vez
Onde foi que eu errei
Eu só sei que amei, que amei, que amei, que amei

O eu-lírico da canção mostra a tristeza pelo fim de um relacionamento, a guerra contra si mesmo por não conseguir identificar o erro que cometeu e por perceber as duras consequências, implorando por perdão. Indica a dúvida sobre como se pode perder tão bruscamente alguém que se ama e não se encontrar meios de reconquistá-la.

Será, talvez, que minha ilusão
Foi dar meu coração com toda força
Prá essa moça me fazer feliz
E o destino não quis
Me ver como raiz de uma flor de liz

Neste momento passa então a buscar justificativas para a situação a qual vive e a dor que sente ao perder este amor. Questiona-se sobre a entrega profunda ao outro sem medo, dúvidas e apenas por este sentimento que ocasionou as decepções ao final. Tenta encontrar o erro na forma como se permitiu amar sem saber se daria certo, se a faria feliz ou se a outra pessoa estaria disposta a fazê-lo feliz. Compara a amada à flor de lis com as características de alguém raro, poderoso, fiel, leal, honroso e amável, que o destino insistiu em afastar de si.

E foi assim que eu vi nosso amor na poeira, poeira
Morto na beleza fria de Maria
E o meu jardim da vida ressecou ou morreu
Do pé que brotou Maria
Nem margarida nasceu


A beleza de Maria então transforma-se de bela flor a frio aço. Insensível e desprezível. O jardim refere-se ao cuidado e a atenção que não pôde ser vivenciado no futuro pois acabou em pedaços com a desilusão do amor de Maria, onde após ela, nunca foi capaz de amar ninguém.