sábado, 19 de setembro de 2015

Análise: Sete Cidades - Legião Urbana

 
Compondo a faixa 10 do álbum "Quatro Estações" a canção aborda de maneira simplista uma história de amor, distancias, dores e medo. Lembranças de momentos que trouxeram felicidade mas que com a despedida, além de partir o coração em mil pedaços, deixou perder-se a ideia de que o amor não caberia em um adeus.
Renato não teve medo de tratar de sentimentos tão subversivos a cada um e fala sobre a mudança que ocorre a cada dia quando se é tirado os pés que lhe mantinha preso ao chão ou as asas que lhe permitira voar.
 
 
Já me acostumei com a tua voz
Com teu rosto e teu olhar
Me partiram em dois
E procuro agora o que é minha metade
 
 
Nesta estrofe, mostra-se que o costume surge com a monotonia do cotidiano. Que os pequenos detalhes como o sorriso, as palavras ditas, os carinhos ofertados, podem se desvair e que só são valorizados quando se perdem. Quando lhe é tirado aquela pessoa tão única, coisas simples começam a se tornar essenciais porque são partes integrantes do seu ser, mesmo que até agora desconhecidas. É como está perdido na multidão porque o que lhe falta é aquilo que não se pode mais ter e nenhum dos presentes pode substituir.
 
 
Quando não estás aqui
Sinto falta de mim mesmo
E sinto falta do meu corpo junto ao teu
Meu coração é tão tosco e tão pobre
Não sabe ainda os caminhos do mundo
 
 
Aborda-se, então, a questão da dependência e da maturidade. Ele aplica adjetivos como "tosco e pobre" para o coração que depositou todas as esperanças de felicidade em uma outra pessoa, esquecendo-se de que se ele não estiver  feliz consigo mesmo, não poderá se dedicar a outro alguém e fazer essa pessoa feliz. Ele não se encontra em si mesmo, porque as características que o compõe são oriundas da presença e da convivência com esse outro. Logo, mais do que sentir falta daquele que se foi, ele sente falta do que ele levou junto.
 
 
Quando não estás aqui
Tenho medo de mim mesmo
E sinto falta do teu corpo junto ao meu
 
Vem depressa pra mim
Que eu não sei esperar
Já fizemos promessas demais
E já me acostumei com a tua voz
Quando estou contigo estou em paz
Quando não estás aqui
Meu espírito se perde, voa longe
 
 
Renato traz o ponto da retração de sentimentos e do medo de explodir. O medo de descobrir que é uma pessoa diferente do que sempre foi (ou sempre quis ser). O medo do novo, da alteração naquilo que era suficientemente bom e normal. Ele pede que volte, que fique, que continue. Mostra a vontade de dar mais uma chance e não reviver a história, mas reescrevê-la, pois quando se está ausente, ele perde a si mesmo e as promessas são apenas palavras que podem ser carregadas pelo vento, mas a presença não e ele precisa de um ponto firme que o mantenha estável até nos mares mais agitados.



 

5 comentários:

  1. Ainda não entendi o porquê do nome sete cidades.

    ResponderExcluir
  2. As Sete Congregações da Revelação, também conhecidas como as Sete Congregações da Ásia Menor, são as Congregações das cidades mais importantes desta região no início do cristianismo, mencionadas no livro do Apocalipse (Apocalipse 2 e 3), no Novo Testamento. Atualmente, todas as ruínas destas antigas cidades encontram-se na Turquia. No Apocalipse, Jesus instrui o apóstolo João da seguinte forma:
    “ «...O que vês, escreve-o num livro, e envia-o às sete igrejas: a Éfeso, a Esmirna, a Pérgamo, a Tiatira, a Sárdes, a Filadélfia e a Laodiceia.» (Apocalipse 1:11)

    ResponderExcluir